Monday, September 26, 2016

Dead Kennedys, uma crônica.

O vinil branco. O famoso vinil branco do Fresh Fruit for Rotting Vegetables, que lembra meus primeiros discos de infância, embora meus primeiros compactos com histórias infantis fossem vermelhos e verdes. Demorou um tanto bom para consegui-lo. Usado e sem o famoso encarte enorme, que nunca vi pessoalmente.
A primeira vez que li sobre o Dead Kennedys foi, obviamente, em revistas de skate, no fim dos anos oitenta. Claro que gostei do nome. Fui ouvir só em 1989 ou 1990, quando o Kid Vinil passou um trecho de um show deles na TV Cultura. Foi mesmerizante, pela primeira vez estava vendo como era um show de hardcore, sem separação entre banda e público; parecia – e é – algo mágico, um estado de graça, de congraçamento, ainda que sem conteúdo religioso. Eu me lembro até dos gestos teatrais de Jello Biafra no vídeo deste show – revendo-o, já em meados dos anos noventa, notei que a música que havia sido exibida era Bleed for Me. Salvo engano, neste mesmo dia o Kid Vinil passou Holiday in Cambodia, que depois foi exibida novamente, sozinha. Aí queria porque queria o disco. Só fui conseguir em 1991, usado. Comprei de um amigo, o Leandro, que na verdade o vendeu para ajudar um primo, o dono original, que meteu a faca no preço. O primo dele, não bastasse ser ganancioso, era, na real, um usurpador dos amigos; o disco era de uma galera em São Paulo, tinha o nome de todos os que fizeram a vaquinha para ter o vinil e mais um monte de inscrições a canetinha na capa e verso, como “Piração Total” e “Punk’s not Dead”. Tudo bem, o importante é que o vinil não tinha risco e provavelmente os donos originais jamais recuperariam o disco, pois o primo do Leandro havia se mudado para uma cidadezinha do interior de Minas Gerais, chamada Campestre. Detalhe: na contracapa havia também a inscrição “Carecas do Subúrbio”. Eu a risquei e escrevi embaixo “Nazi Punks Fuck Off!”, mesmo que ainda não tendo ouvido a música à época. Mas sabia do título e já havia pegado o espírito.

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